Exclusão digital: como fica a Educação inteiramente online durante a pandemia?
Infelizmente o Brasil é um país desigual. Grande parte da população não possui recursos básicos para a sobrevivência. Num cenário atípico de pandêmia, a situação fica ainda mais evidente. Confira.
Durante o período marcado pela pandemia, a tecnologia surge como uma solução paliativa para garantir o acesso universal à educação. Porém o ensino a distância precisa de preparação, especialização docente e acesso para acontecer com qualidade, mas o que fazer uma vez que um dos traços distintivos da sociedade brasileira ainda é a desigualdade?
Mesmo entre os mais privilegiados há quem ateste a notável precarização do ensino, Seria 2020 um ano perdido para a Educação?
Além das mazelas noticiadas à exaustão, a pandemia do coronavírus revelou de maneira contundente dois problemas crônicos do nosso sistema de ensino: a desigualdade social e a precarização acentuada da educação.
Desde março de 2020, com o fechamento das escolas e o início das aulas remotas como resposta à imposição de distanciamento social, estudantes não só do Brasil, como do mundo todo têm sofrido o impacto causados pela pandemia.
Segundo um estudo publicado em 11 de agosto de 2020 pela Organização Internacional do Trabalho, em países ricos apenas 65% dos jovens conseguiram manter o acesso pleno às aulas em plataformas remotas. Já em países pobres, esse número não chega a 19%.
O Brasil, seguindo essa tendência, demonstra que não sofre apenas com os efeitos naturais da pandemia, mas também com o déficit tecnológico, infraestrutura e direitos sociais mínimos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), de 2018, praticamente metade das residências brasileiras não tinha um computador em casa e o acesso à internet era feito, em sua maioria (98,1%), por meio de apenas um aparelho celular.Justamente por isso, não é raro testemunhar história de estudantes que estão literalmente sem qualquer acesso à educação desde março.
Em julho, uma pesquisa do Datafolha com pais ou responsáveis de 1.556 estudantes de escolas públicas do país concluiu que aumentou de 74% (desde maio) para 82% o índice de alunos que estavam recebendo atividades escolares em casa, seja por material impresso ou celulares, TV, rádio e computador, ou uma combinação desses meios. Um número que a primeira vista parece alto, mas que na verdade significa que 1 em cada 5 estudantes da rede pública está sem acesso às atividades remotas da escola. Isso afeta também a motivação dos alunos, que revelam não ter mais interesse em estudar, levando em consideração as dificuldades que enfrentam para conseguir acessar o conteúdo.
O dado mais preocupante da pesquisa é de que os pais de mais de um terço dos estudantes dizem que seus filhos consideram muito difícil a rotina de estudos remotos e correm o risco de abandonar a escola por causa disso.
Alunos da rede privada de ensino que podem desfrutar das plataformas virtuais de acesso por possuírem melhores condições saem naturalmente na frente daqueles sem o mínimo necessário. Isso expõe de maneira quase brutal o retrato da desigualdade do país. E ainda assim, dentro deste contexto, os alunos da rede privada de ensino também experimentam de os efeitos da precarização do ensino, vez que as escolas tradicionais não estavam preparadas para lecionar online.
A conclusão é de que a educação infelizmente não chega para todos. Existe um claro obstáculo neste processo em que os mais favorecidos são aqueles que possuem mais recursos. Não há como discutir qualquer solução para o problema se não entendermos que 2020 foi um ano perdido para boa parte dos alunos que não tiveram o privilégio (sim, privilégio) de ter aulas.
A pandemia revelou rapidamente as desigualdades da nossa sociedade em vários aspectos e educação foi um dos mais evidentes. O problema não está no ensino à distância, tampouco nas plataformas de ensino, mas em aspectos sociais.
Escolas e instituições de ensino têm feito o possível para apoiar seus alunos, muitas combinam atividades digitais com materiais físicos que são entregues em casa ou podem ser buscados na escola. O Unicef também promove desde 2017 um projeto de busca ativa dos alunos, que consiste em ir atrás de estudantes que não têm frequentado as aulas.
Na pandemia, alunos que estão há no máximo três semanas sem manter contato com a escola ou realizar tarefas devem ser ativamente buscados. Mas, ainda assim falta um olhar um apoio governamental para essa situação.
A pandemia não acaba agora e manter o vínculo dos alunos com a escola é vital para manter vivo o direito à educação. O sentido de educar é garantir uma vida digna, mesmo que em tempos de pandemia.
Se você concorda, continue lendo o nosso blog e nos ajude a levar a educação a cada vez mais pessoas.
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