Fake news: porque você precisa estudar sobre elas?
As famosas notícias falsas se alastram com extrema rapidez e já são parte do cotidiano de todos em 2020. Porque será que com tanta informação disponível milhares de pessoas ainda caem “no conto do vigário”?
Não é exagero dizer que hoje em dia todo mundo sabe que informações falsas, fotos, vídeos manipulados e publicações duvidosas trazem riscos para a saúde pública, incentivam o preconceito e às vezes resultam até em consequencias gravíssimas como a morte de alguém ou o linchamento de inocentes. O que poucos de nós sabemos é que mesmo bastante atentos, ainda podemos estar muito mais vulneráveis à manipulações do que imaginamos.
O fenômeno das notícias falsas não é novo e talvez tenha surgido junto com o surgimento da linguagem e da sociedade. A história é recheada de exemplos de como a opinião pública foi manipulada, como por exemplo numa frase falsamente atribuída à rainha francesa Maria Antonieta, que supostamente ao ser alertada de que as pessoas estavam sofrendo devido à escassez generalizada de pão, teria respondido "então, que comam brioche”. Durante vários anos, historiadores pró-revolução adotaram tal frase como verdadeira, até que a biógrafa de Maria Antonieta, Antonia Fraser, comprovou em 2002 que tudo não passou de um boato.
Mas porque as fake news se tornam tão fortes?
Viés de confirmação ou tendência confirmatória é como os estudiosos chamam a inclinação natural que o ser humano tem para se lembrar, interpretar, compreender e até pesquisar informações que confirmem ou reforcem suas opiniões e crenças pré-estabelecidas.
Desta forma somos inclinados a ignorar inconscientemente informações que desagradam nossos pontos de vista e nos causem desconforto.
Por exemplo, se eu acredito que a raiz de todos os problemas do meu país está na imigração, terei a tendência de prestar mais atenção em notícias que confirmem esse ponto de vista e também posso me tornar menos criterioso quanto às fontes que me garantem o conforto de reforçar essa minha crença.
Diferentemente do que se costuma imaginar, o nível de escolaridade pouco importa aqui, porque o efeito é muito mais emocional do que racional.
Como diz Dante Alighieri em sua obra máxima chamada A divina comédia “nossa mente é amarrada e confinada pela afeição à nossa própria opinião.” Isso talvez explique porque é tão comum que mesmo atentos ainda possamos ser vítimas das notícias falsas, nosso cérebro é programado para acreditar naquilo que de alguma maneira já nos afeiçoamos.
Como as fake news se propagam?
Outra concepção equivocada sobre o fenômeno das fakes news é que a democratização do acesso à informação e a facilidade de compartilhamentos via rede social são os principais responsáveis pela sua divulgação. Existe um verdadeiro mercado voltado para a agitação social e paixões dos usuários das redes sociais, que tornam as pessoas mais sensíveis e polarizadas, e consequentemente mais vulneráveis à manipulação e engajamento.
Esse mercado é profissionalizado e conta com equipes compostas por pessoas experientes em sua criação, disparo e manutenção.
Para a maioria das notícias falsas, existem profissionais, investidores, engajadores e verdadeiras fazendas de perfis falsos criados apenas para engajar e dar continuação ao impulsionamento orgânico de uma notícia. Também é importante saber que sempre existe um deste mercado.
Porque as notícias falsas se tornaram tão lucrativas?
Segundo a Folha de São Paulo, as páginas de Fake News têm maior participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento (interação), enquanto os propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%.
O mercado da desinformação está lucrando cada vez mais, ao passo que as distorções e manipulações tem se tornado cada vez mais absurdas, porque os profissionais sabem que o combustível da fake news é a paixão ou ódio despertado. A consequência disso é uma sociedade cada vez mais polarizada e intolerante.
E porque essas notícias podem ser tão perigosas?
Uma sociedade cada vez mais polarizada e intolerante se torna mais suscetível a eventos como linchamentos de inocentes, precarização de serviços básicos, ataques a cientistas, adoção de comportamentos insalubres e prejudiciais.
Um exemplo claro disso foi o caso dos moradores de Guarujá/SP que lincharam uma mulher até a morte por causa de um boato divulgado no Facebook, ou como no caso narrado no podcast projeto humanos em que o jornalista Ivan Mizanzuk investiga o caso das “Bruxas de Guaratuba” em que pessoas da alta sociedade de uma cidade do interior do paraná foram presas e torturadas com base em um boato envolvendo suposta magia e sacrifício de crianças (ouça o podcast).
A única forma que tem se mostrado eficiente no combate às fake news é o fortalecimento do jornalismo tradicional e o alerta da sociedade. Para você estudante é importante muito mais que apenas manter-se atento, você pode investigar a notícia por outras fontes, checar os fatos em sites específicos de “fact-checking”, que contam com equipes especializadas no combate às fakes news através de constantes análises de boatos e apresentação de provas, além de considerar sempre a possibilidade de se equivocar, afinal ainda que atentos podemos estar apenas sendo vítimas das nossas crenças.
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