Como entrar no mundo do trabalho – A escolha do curso e da instituição
Para um jovem que está para entrar no curso superior, carreira, curso e profissão seriam a mesma coisa. Mas, definitivamente, não é.
Neste artigo apresento as diferenças e abordo critérios para a escolha do curso. No próximo, o tema será a escolha da instituição de ensino.
Vamos aos termos, para começar.
![Como entrar no mundo do trabalho – A escolha do curso e da instituição Como entrar no mundo do trabalho – A escolha do curso e da instituição](https://d23vy2bv3rsfba.cloudfront.net/listas/0_ef2b29086ff29273acad028551bbfc11_6282.png)
Carreira, no âmbito das instituições de ensino, é uma subdivisão da Área de Conhecimento (Humanas, exatas, biológicas, por exemplo) e pode ter um curso só ou vários cursos. Não tem a ver com a carreira profissional, que é a trajetória percorrida ao longo da vida profissional. E uma mesma carreira pode ser construída a partir de cursos diferentes. Trabalhar com Design Gráfico, por exemplo, pode ser para quem cursou Design ou ainda Artes Visuais, Publicidade ou Arquitetura.
Curso é uma denominação dentro da carreira, que dá um título a quem nele se forma, conferindo uma profissão. Para exemplificar, Medicina é um curso que dá o título de médico(a) ao graduado e a pessoa pode fazer uma carreira profissional clínica, no magistério superior, em gestão pública ou privada em Saúde, em perícia ou em pesquisa. Ou uma mescla destas atuações.
Há profissões que são regulamentadas, exigindo um curso específico.
É o caso das engenharias, que têm leis federais próprias e cuja atuação é fiscalizada pelos CREAs. Ninguém pode trabalhar como Engenheiro Civil, por exemplo, se não tiver se formado na faculdade equivalente. Mesmo graduado, o exercício da profissão depende ainda do registro no Conselho. Ainda aqui, um engenheiro civil pode fazer carreira em áreas diversas, como projetista, calculista de estruturas, engenheiro responsável por obra, engenheiro de logística de obra, perito, professor universitário ou pesquisador.
Direito é um caso particular, pois oferece apenas com a graduação de Bacharel um amplo espectro de opções profissionais em consultoria, assessoria jurídica e em diversas carreiras públicas, mas que requer, para a atuação na advocacia – representação de outras pessoas em ações judiciais ou perante órgãos públicos e privados – a aprovação em um exame realizado pela Ordem dos Advogados.
Em geral as carreiras profissionais são muito dinâmicas. A pessoa entra em uma área, como primeiro emprego ou estágio, e pode se identificar muito com ela, permanecendo por longo tempo. Mas o comum é surgirem novas oportunidades e ir mudando, desenvolvendo novas habilidades e acumulando conhecimentos, colecionando um portfólio de atuações diversificado. Também não é incomum, após a graduação, a atuação em área completamente diversa, como os engenheiros que vão trabalhar no mercado financeiro. Já vai longe o tempo em que o simples fato de fazer um curso significava uma profissão estabelecida e uma carreira profissional pré-determinada. Hoje, o curso oferece um leque de oportunidades profissionais, em uma ou em algumas das quais a pessoa irá atuar.
Então não se angustie mais que o necessário. O papo que “você está decidindo agora o futuro da sua vida” não é a ideia exata. As escolhas de agora – curso e instituição – podem ajudar muito, mas não excluirão outros caminhos que você possa vir a trilhar.
Como escolher o curso, afinal?
Um conselho frequente para quem ainda não sabe que área, carreira e curso fazer se baseia no desempenho do aluno no Ensino Médio. Se você gosta – ou é bom – em uma matéria, então deve fazer este ou aquele curso. Se sua habilidade maior é com outra disciplina, então faça tal ou qual curso. Será que isso funciona? Acredito que este não deve ser o primeiro critério.
Vamos supor o caso de um aluno que é ótimo em Química. Esta é uma disciplina frequente em cursos muito diversos, como Agronomia, Biomedicina, Engenharia Ambiental, Geologia, Medicina, além dos óbvios Química e Engenharia Química. Ele pode ser bom em Química e não querer fazer nenhum destes cursos. Às vezes, o gosto pela matéria vem por outros motivos alheios ao conteúdo, como a afinidade com um certo professor da disciplina no Ensino Médio. O gosto genuíno pelos assuntos pode ser um bom indicativo do campo de interesses da pessoa, nada mais.
Outra orientação comum é pela inclinação com o objeto do curso. Você gosta de animais? Faça Medicina Veterinária! Mas você se vê com um animal doente, magro, que perdeu os pelos ou as penas? Ou com um animal com uma fratura exposta depois de um acidente? Tais condições são bem mais corriqueiras no dia a dia do veterinário do que o pet de banho tomado, pelo tosado e gravata borboleta na coleira, com o qual você gosta tanto de brincar. Então a inclinação pelo objeto ... também não é o melhor caminho.
Uma indicação segura é procurar um profissional de Psicologia e fazer um processo de orientação profissional, no qual o candidato realiza testes, faz entrevistas e conhece mais sobre profissões mais próximas ao seu perfil de interesses. Neste processo, conversa e acompanha profissionais no cotidiano da sua atuação, para avaliar se este é um caminho que gostará de seguir. E muitas faculdades de Psicologia têm serviços gratuitos de orientação profissional, se você não puder contratar um profissional.
O curso escolhido deve interessar vivamente o candidato pelo trabalho cotidiano da profissão. Pense que, pelas próximas décadas, você se levantará todos os dias, todos os meses, todos os anos, para trabalhar naquilo. A partir deste encantamento pela vida profissional o candidato pode até se determinar a aprender mais sobre uma matéria que irá precisar muito, mas que não lhe despertou tanto interesse no Ensino Médio.
As influências familiares e o meio social costumam indicar escolhas que nem sempre casam com os gostos do jovem que deve decidir. Quando isto acontece, conhecer mais profundamente a profissão do curso pelo qual se decide é importante para justificar a opção e vencer oposições.
Outro aspecto relevante ao se conhecer a profissão é ter contato com opções de atuação profissional, que podem decidir a instituição de ensino, já que os currículos podem se inclinar mais a uma ou outra frente de trabalho do curso.
Por fim, se mesmo optando com critério você não se identificar com o curso escolhido, sempre haverá a possibilidade de tentar outro ou mesmo se transferir dentro da mesma instituição. O que não se pode admitir é estudar, formar e trabalhar em algo que não lhe dê prazer pelo resto da vida.
Você deve ter dito, em algum momento na infância, que queria ser bombeiro, astronauta ou médico quando crescesse. Bem... você cresceu. Está na hora de dizer o que vai ser.
Antonio Humberto Cesar Filho
Professor de Biologia – Licenciado em Biologia (mas que também é Engenheiro Agrônomo, Advogado e sempre aberto a novos desafios).
![Estuda.com](https://cdn.estuda.com.br/design/logo_branco.png)
PROVAS | SIMULADOS | LISTAS DE EXERCÍCIOS
Simplifique suas avaliações e tenha relatórios detalhados
® Estuda Tecnologias Educacionais LTDA