Para começar esse assunto, precisamos entender quem são os povos originários já que somos habituados a usar a expressão genérica de povos indígenas para nos referir a grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que na verdade, são bastante diferentes entre si. O uso da língua de maneira corriqueira, faz com que no Brasil chamemos esses povos de indígenas, ao passo que, na Austrália, por exemplo, a forma genérica para designá-los seja aborígines. 

Indígena ou aborígine, significa "originário de determinado país, região ou localidade; nativo". E justamente por isso, o mais acertado é usar a determinação de povos originários quando estamos falando de nativos e autóctones, que aliás, são outras expressões usadas ao redor do mundo para denominar esses povos.

De uma maneira geral, a palavra índios foi fruto do equívoco histórico dos primeiros colonizadores que, tendo chegado às Américas, julgaram estar na Índia. Apesar do erro, o uso continuado - até mesmo por parte dos próprios índios - faz da palavra, no Brasil de hoje, um sinônimo de indivíduo indígena.

É uma pena que em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignore a imensa diversidade de diferentes povos originários que vivem no país e principalmente sua diversidade, características e importância para a cultura nacional. Justamente por isso é importante que você estudante, comece a buscar o outro lado dessa história. Além de conhecer mais sobre nossa cultura, é uma excelente estratégia para apoiar autores e desenvolver senso crítico solidificando seu próprio conhecimento. 

Comece reconhecendo que “índio” não é um só povo, mas sim vários e diversos povos. 

A história estima que, na época da chegada dos europeus, houvesse mais de 1.000 povos originários, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas espalhados pelo país. Atualmente encontramos no território brasileiro 256 povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes, o que infelizmente comprova uma dizimação de inúmeras comunidades. 

Segundo o Censo IBGE 2010, 896.917 pessoas são declaradas indígenas. Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país. Muito pouco, não?

A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 724 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional. E justamente por isso, eles merecem cada vez mais palco para a própria voz. 

Depois entenda que a história foi escrita por brancos. 

A História do Brasil tem sido contada por inúmeras vozes e cada voz traz a sua perspectiva. Os livros didáticos trazem versões da história das Américas e de seus habitantes, mas a maioria desses livros enfatizam  o “descobrimento” da América, falando muito pouco sobre os povos que já viviam ali.

É importante buscar mais  sobre como a literatura indígena contemporânea olha para esta questão, a fim de ampliar a discussão sobre a História do Brasil e dos povos das Américas. Buscar reflexões críticas é o papel de todo bom estudante. 

E por fim, leia  autores indígenas.

Para ajudar, separamos duas importantes obras como dica: 

A terra dos mil povos: história indígena do Brasil contada por um índio

Esse livro relata a história do Brasil contada por Kaka Werá Jecupé e inclui, por exemplo, uma pequena síntese cronológica da história indígena brasileira, que apresenta para todos aqueles que acreditam que a história do Brasil se inicia em 1500, uma história muito mais rica do que se tem ideia. 

Neste livro, você pode aprender mais com informações e estatísticas muitas vezes ignoradas ou apagadas, tais como dados sobre migrações forçadas de índios, massacres e epidemias, e ainda resistência às tentativas de expulsão da terra, referência a leis e projetos de interesse dos índios e nomes de índios das mais variadas etnias que se destacaram entre seus pares, principalmente nas últimas décadas.

O banquete dos deuses: conversa sobre a origem da cultura brasileira

A obra O banquete dos deuses: conversa sobre a origem da cultura brasileira (2000), de Daniel Munduruku, discute questões pertinentes à origem dos povos das Américas, problematiza o descobrimento do continente por Colombo e discute as relações entre índios e não índios.

Uma importante citação da autora resume lindamente do que se trata o livro, que se coloca como guia da reconstrução da história nacional. 

 “Essa terra tinha dono. Mas não um dono no sentido capitalista. Talvez fosse melhor dizer que essa terra tinha Guardiães. Ela não pertencia a ninguém, mas servia a todos com igual valor. Vimos que a pré-história brasileira imperialista é, na verdade, a história de mais de mil povos diferentes que já caminham sobre ela há muitos milênios”.

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